Desde 2015 setembro marca um período importante para a saúde emocional. É nessa época do ano que o Brasil realiza a campanha “Setembro Amarelo”. Iniciada pela CVV (Centro de Valorização da Vida), CFM (Conselho Federal de Medicina) e ABP (Associação Brasileira de Psiquiatria). O movimento busca despertar a empatia, debater as causas e procurar formas de combater os episódios suicidas. E, ele acontece em setembro porque dia 10/09 é o dia mundial de prevenção ao suicídio.
De acordo com um estudo realizado pela Unicamp, 17% dos brasileiros, em algum momento, pensaram seriamente em dar um fim à própria vida. E desses, 4,8% chegaram a elaborar um plano para isso. Em mais de 90% dos casos é possível evitar que esses pensamentos suicidas se tornem realidade. Principalmente quando a pessoa encontra ajuda.
Segundo a CVV a primeira medida de prevenção é a educação. Portanto, falar sobre o tema e compartilhar informação é uma maneira de desmistificar o assunto. Sentir que pode falar sobre suas aflições emocionais sem medo de ser julgado, na maioria dos casos, é o que falta para procurar e encontrar ajuda necessária. Para salvar essas vidas devemos abandonar o preconceito em relação aos sinais de alerta e aos pedidos de ajuda. No entanto, infelizmente, ainda é muito comum uma pessoa que está com tendências suicidas verbalizar que deseja se matar e ser ignorada ou julgada como alguém que só está querendo “chamar atenção”.
Sinais de alerta e prevenção
Os sinais de alerta não devem ser considerados isoladamente e precisam ser observados de perto por um profissional de saúde que esteja preparado para lidar com a situação. Não há uma “receita” para diagnosticar uma pessoa que está vivenciando uma crise suicida. No entanto, um indivíduo com tendências suicidas ou que esteja com pensamentos suicida costuma dar alguns indícios e sinais, mesmo que não sejam explícitos. As declarações verbais, por exemplo, de intenção de se matar ou desaparecer devem ser encaradas com seriedade. Outras declarações como: Ninguém vai sentir minha falta. Eu sou um fardo para os outros. Eu sou inútil. Podem indicar o pensamentos suicidas. Um fator indireto, mas que também tem peso de alerta, é quando a pessoa começa a se despedir de amigos e parente. Se desfazendo das posses, escrevendo testamentos ou mesmo tendo conversas e escrevendo cartas com tom de despedida.
As intenções suicidas são resultados de outros problemas emocionais,. Como, por exemplo, crises de depressão e transtornos de bipolaridade. E, justamente pela complexidade e sensibilidade da questão o diagnóstico e tratamento são fatores muito sensíveis.
O que fazer?
Se você identificar algum desses sinais em uma pessoa próxima a recomendação da OMS é que você possa conversar com a pessoa em um local apropriado, para que ela se sinta acolhida e perceba que tem alguém disposto a ouvi-la. Mas, é muito importante lembrar que essa pessoa precisa de ajuda de um profissional de saúde para diagnosticar e traçar um curso de tratamento.
Após a conversa, ofereça ajuda para encontrar um terapeuta ou psiquiatra. Se coloque à disposição para agendar a consulta e inclusive, caso ela se sentia confortável, acompanhá-la até o consultório. Perceber que é querida é o primeiro passo para abandonar os pensamentos suicidas.
Se você está sentindo que precisa de ajuda procure o CVV – Centro de Valorização à Vida. O CVV é uma associação que tem como objetivo prevenir o suicídio e para isso disponibiliza canais de atendimento gratuitos. O número de telefone 188 e ele aceita ligações gratuitas vindas de todo o país. Além do telefone, o CVV também disponibiliza um chat, um e-mail e postos pelo país para que as pessoas obtenham apoio emocional.
Porque setembro amarelo é uma campanha para a saúde ocupacional?
A medicina do trabalho tem responsabilidade em relação ao bem-estar físico e emocional dos colaboradores. Nesse sentido, promover campanhas e debates dentro das organizações sobre a valorização da vida e o acolhimento emocional torna-se uma demanda da área. Iniciar essa “conversa” com os colaboradores pode ser algo sensível e por isso utilizar a temática do setembro amarelo é boa oportunidade para falar sobre o assunto.
Mesmo o tema sendo sensível existem sim ações precisam ser tomadas dentro das empresas. A primeira delas é informação e educação sobre o assunto. Em segundo lugar, a empresa pode promover conversas sobre como perceber os sinais em um colega próximo e como agir em uma situação de fragilidade emocional. Da mesma forma, é importante ressaltar que ao promover a conversa os colaboradores se sentem parte da solução. Por fim, é fundamental que a organização tenha canais qualificados e ferramentas adequadas para lidar com o assunto e que sejam capazes de acolher emocionalmente as pessoas em situação de fragilidade emocional.
A Asonet lançou esse ano sua plataforma de atendimento psicológico online. A mesma visa oferecer apoio emocional em momentos de estresse. A plataforma reúne profissionais qualificados para oferecer suporte emocional. Além disso, também oferece acompanhamento terapêutico. Ela está disponível para ser contratada pelas empresas e oferecida como um benefício para os colaboradores.
Este artigo foi escrito por Juliana Colognesi
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